De repente, recordei-me de algo
até então irrelevante. Por que, agora,
veio à tona? Curioso, tudo muda,
inclusive, o significado de nossas lembranças.
Era aniversário de uma de minhas
sobrinhas, a mais velha, e fomos
à pista de patinação de gelo. Enquanto, a aniversariante aprendia a patinar com
as amigas, observei duas
meninas ao acaso. Uma era gorda
e a outra, magra.
A primeira patinava com alegria e
desenvoltura, deixando todo mundo surpreso: “ Uma menina gorda
fazer piruetas ...”. Por que, sempre se acha que
todo gordo é desajeitado
e sedentário? A pessoa acima
do peso sempre está relacionado ao
pejorativo? Hoje em dia,
fico com vergonha da meu “espanto”. Eu tinha que admirar seu desempenho com os
patins e
não por ser uma gorda executando
bem a atividade. E o triste, que vi gente a debochar da menina, comprovado mais uma vez como
o mundo é cruel
com
quem foge dos padrões
impostos pela sociedade.
A outra parecia uma princesa,
porém, tinha um olhar distante. Não parecia estar contente. Ficou sentada com seus
patins à espera de não
sei o quê. Então, pensei que pessoas
belas e jovens nunca deveriam
ser tristes, pois,
todos as idolatram. Quem for ler isso, dirá que sou idiota
e estará certo. Tive um pensamento idiota.
Quem disse que quem sofre de depressão só
é gente feia? Aliás, o que é feio e bonito? Quem sou eu para definir algo tão subjetivo e o
qual há
várias teorias da beleza? Talvez,
a menina nem estava triste e só foi
minha impressão, visto que a
felicidade não tem nada a ver em rir o tempo todo.
Há diferenças entre alegria e euforia.
Como já mencionei, esta lembrança
ficou guardada em mim durante anos e veio à tona neste exato momento. Não sei o motivo de compartilhá-la, todavia,
ela expõe como tudo na vida é complexo e não se pode reduzir tudo e a todos com
estereótipos. Ninguém é igual, cada um possui
uma singularidade. Além, dos acasos da
vida que influenciam nossas vidas.
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