segunda-feira, 22 de outubro de 2018

QUEDAS





No último sábado, fui ao centro para a manifestação a  favor da democracia. Encontrei uma antiga professora e a  toquei  de  leve para  cumprimentá-la.  Ela  passou  direto  e  me  deixou  no  vácuo. No primeiro momento, fiquei  constrangido,  porém,  comecei a  refletir  que  a  professora  tem o  direito de  não se  lembrar  de  mim. Quantas pessoas passaram pela minha e esqueci-me delas, também, e vice-versa. Frequentemente, precisamos desapegar de pessoas e objetos com a intenção de seguir em frente e conhecer novos caminhos. De repente, estava apressada para ver alguém  ou tinha um compromisso importante. Caí do meu  egocentrismo e deixei de  me levar  muito a sério, como um simples  mortal.

Depois da manifestação fui ao Centro Cultural Banco do Brasil. Quando descia da escada,  escorreguei  e  caí  de  costas nos  degraus da  escada.  Detalhe, havia um monte gente nela à espera para  entrar numa exposição. Minha irmã, disse-me que tentaram me ajudar, porém, levantei rápido  e desci rapidamente sem falar com ninguém, estava envergonhado. Por que a queda na escada me abalou tanto? Percebi-me vulnerável aos olhares alheios e  com  orgulho ferido. Como sou tolo, para me encontrar de fato, preciso passar por todas as situações. Na fragilidade,  posso encontrar a verdadeira força de viver.  Ensinaram-me desde cedo  que eu precisava ser  rocha,  mas, ela é  destruída  pelas ondas do mar por vários séculos. É bom saber o momento que se precisa de ajuda, aprender a lidar com as  limitações e a se resignar de não ter o controle de tudo. 

Depois de desenvolver este texto, conclui que quando escrevo, também, sofro uma queda. Exponho a fragilidade do meu discurso, além da falta de conhecimento da ortografia e da gramática, vivo derrapando.  Quando leio textos antigos, então, fico desgostoso por escrever tanta asneira repleta de clichês. Estabaco no chão e entendo que preciso ler mais.